Traços, sons, cores e formas: saiba tudo sobre esse campo de experiência

Se você é professor da Educação Infantil, certamente já ouviu falar em: “traços, sons, cores e formas.”

Essa expressão representa muito mais do que conteúdos escolares. Ela faz referência à linguagem sensível e criativa com a qual as crianças pequenas compreendem e interagem com o mundo.

No entanto, no papel de educador, especialmente nas primeiras experiências, é comum ter dúvidas a respeito do assunto. Afinal, embora alinhada à BNCC, esse é um campo muito variável e pouco abordado.

Pensando nisso, neste artigo, vou explorar o que significa esse trabalho, como aplicá-lo de maneira prática, sua importância e, claro, compartilhar algumas dicas de execução.

Boa leitura!

O que são traços, sons, cores e formas segundo a BNCC?

Segundo a BNCC, os traços, sons, cores e formas são experiências nas quais as crianças podem se expressar por meio de múltiplas linguagens. Assim, conforme a Base Nacional Comum Curricular, esse campo que concentra-se na produção artística e na exploração de diferentes manifestações culturais.

Assim, não se trata apenas de desenhar, cantar ou modelar. Trata-se de criar oportunidades para o desenvolvimento da sensibilidade estética, percepção e comunicação dos alunos.

A BNCC destaca que, desde bebê, a criança é um sujeito de direitos que se expressa de diferentes maneiras. Por isso, o trabalho com traços, sons, cores e formas é essencial para desenvolver competências relacionadas à expressão artística, construção de identidade e socialização.

O conceito, portanto, está relacionado aos campos de experiências “Traços, sons, cores e formas”, “O eu, o outro e o nós” e “Corpo, gestos e movimentos”, fundamentais no processo de aprendizagem.

Assim, quando uma criança descobre que pode desenhar um sol com riscos ou criar sons batendo as mãos, ela está, intuitivamente, se apropriando dessas linguagens.

Para a BNCC, o trabalho com traços, sons, cores e formas é um meio potente e indispensável para favorecer o desenvolvimento. Isso porque envolve aspectos cognitivos, motores, afetivos e sociais.

Como trabalhar traços, sons, cores e formas?

Para trabalhar com traços, sons, cores e formas, você deve criar ambientes ricos em estímulos, nos quais os alunos possam explorar livremente materiais e linguagens.

É importante que as propostas sejam abertas, ou seja, que permitam múltiplas possibilidades de ação e expressão. Alguns exemplos incluem:

  • pintura;
  • desenho;
  • colagem;
  • modelagem;
  • exploração sonora;
  • dança;
  • entre outras.

Podemos pensar, por exemplo, em oficinas de pintura nas quais as crianças jogam tintas sobre grandes papéis, percebendo os efeitos dos diferentes gestos. Ou ainda, em rodas musicais que ensinam os pequenos a se escutarem, mostrando que sons e movimentos são formas de expressão e comunicação.

Além disso, as atividades devem ser integradas e significativas. Explorar traços, sons, cores e formas pode envolver projetos como:

  • experiências sensoriais com diferentes texturas e materiais;
  • exploração dos sons do ambiente e criação de instrumentos musicais com materiais recicláveis;
  • trabalho com cores, experimentando misturas e tonalidades;
  • estímulo à observação das formas na natureza e no cotidiano.

Qual a importância de trabalhar traços, sons, cores e formas?

Trabalhar traços, sons, cores e formas é importante para o Ensino Infantil, pois favorece múltiplas dimensões:

1. Desenvolvimento cognitivo

Ao explorar materiais, as crianças experimentam hipóteses, observam relações de causa e efeito e desenvolvem noções de espaço, tempo, quantidade, forma e cor.

Por exemplo, ao perceber que, ao misturar azul e amarelo, surge o verde, há um aprendizado relevante e concreto.

2. Desenvolvimento motor

O uso de pincéis, lápis, instrumentos musicais ou modelagem com argila favorece a coordenação motora fina e ampla, essenciais para futuras aprendizagens, como a escrita.

3. Desenvolvimento emocional

Por meio das atividades com traços, sons, cores e formas, a criança expressa sentimentos, emoções e pensamentos que, muitas vezes, não consegue verbalizar.

Assim, ela elabora experiências internas e externas, encontrando um espaço seguro para se manifestar.

4. Desenvolvimento social

As atividades coletivas, como criar um mural artístico ou compor uma música em grupo, promovem a colaboração, o respeito às diferenças e a valorização da produção do outro.

Ao trabalhar com traços, sons, cores e formas, contribuímos para que a criança desenvolva habilidades fundamentais para a vida em sociedade.

Dicas para trabalhar traços, sons, cores e formas

Para que o trabalho com traços, sons, cores e formas seja significativo, seguem algumas dicas práticas e inspiradoras.

1. Crie ambientes preparados

Organize espaços com materiais acessíveis, como:

  • papéis diversos;
  • tintas;
  • lápis de cor;
  • instrumentos musicais;
  • elementos naturais (pedras, folhas);
  • Material Dourado;
  • materiais recicláveis.

Assim como quando, em casa, deixamos uma caixa de papelão ao alcance da criança e ela a transforma em brinquedos, como carro ou castelo. O ambiente deve ser provocador, estimulante e seguro para que a criatividade aflore.

2. Valorize o processo mais do que o produto

Lembre-se: o foco não deve ser o “resultado bonito”, mas a experiência, a exploração e a expressão.

É como quando uma criança faz um bolo de areia e, orgulhosa, mostra sua criação, mesmo que o bolo “não sirva para comer”. O importante foi o processo criativo e a alegria envolvida.

3. Explore a interdisciplinaridade

As atividades com traços, sons, cores e formas devem dialogar com histórias, ciências, matemática e movimento.

Por exemplo, após a leitura de um conto, as crianças podem desenhar os personagens, criar uma música para contar a história ou até construir os cenários com blocos.

4. Registre as experiências

Fotografar, filmar ou fazer registros escritos das produções dos pequenos ajuda a valorizar seu percurso e permite refletir sobre o desenvolvimento.

Sabe quando os pais guardam os primeiros desenhos ou gravações de voz dos filhos? Pois, então, esses registros contam a história da criança e mostram sua evolução ao longo do tempo.

5. Escute e observe

Mais do que propor atividades, é preciso observar atentamente como cada criança se expressa, quais materiais prefere, como interage com os colegas.

Assim como quando, ao visitar um parque, notamos que uma criança prefere observar as flores enquanto outra corre atrás de borboletas. Cada uma vive a experiência de modo único e legítimo.

Entendeu tudo sobre traços, sons, cores e formas?

Trabalhar com traços, sons, cores e formas é, acima de tudo, reconhecer a criança como um ser criativo, expressivo e potente. Essa experiência nos convida a criar ambientes acolhedores e estimulantes, onde cada criança possa explorar, criar e ser quem é.

Ao proporcionar atividades nesse campo, promovemos não apenas o desenvolvimento motor ou cognitivo. Favorecemos a expressão de sentimentos, a construção de identidade e o fortalecimento de vínculos afetivos e sociais.

Que possamos, como educadores, perceber a beleza escondida nos rabiscos, nas batidas improvisadas, nas colagens inusitadas e nas misturas de tintas. Afinal, ao valorizar esses processos, formamos indivíduos mais criativos, autônomos, sensíveis e preparados para olhar o mundo com curiosidade e respeito.

Se você já trabalhou com traços, sons, cores e formas, conta aqui para mim. Lembre-se também de assinar a nossa newsletter para receber conteúdos exclusivos sobre a área da educação.

Boa aula e até a próxima!

 

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