Se você é professor da Educação Infantil ou do Ensino Fundamental I, com certeza já promoveu brincadeiras coletivas como parte da proposta pedagógica.
Sumário
Embora nem todas as pessoas entendam, o “pega-pega”, “telefone sem fio” e o “esconde-esconde”, fazem parte do desenvolvimento emocional, cognitivo e social das crianças.
Mais do que apenas diversão, nas brincadeiras coletivas, os alunos experimentam o mundo, testam hipóteses, aprendem sobre convivência e encontram seu lugar em um grupo.
É nesse espaço lúdico que valores como respeito, cooperação, empatia e escuta ativa se tornam concretos. Não em discursos, mas em ações. Na prática pedagógica, essas brincadeiras funcionam como pontes entre o conteúdo curricular e a vivência cotidiana.
Neste artigo, vou falar sobre o que são as brincadeiras coletivas, para que servem, quais benefícios oferecem e como podemos aplicá-las de forma intencional. Isso tanto na Educação Infantil quanto no Ensino Fundamental I.
Afinal, brincar em grupo é mais do que gastar energia: é mais uma forma de ensinar e aprender. Vamos juntos?
- Leia também: 10 Dinâmicas para fazer em sala de aula
O que são brincadeiras coletivas?
Brincadeiras coletivas são atividades lúdicas realizadas em grupo, nas quais os participantes interagem entre si com base em regras pré-estabelecidas. Elas podem ser cooperativas ou competitivas e muitas vezes envolvem movimento corporal, criatividade, escuta e trabalho em equipe.
Ao contrário das brincadeiras individuais (quando a criança brinca ao lado de outras sem interagir diretamente), as brincadeiras coletivas exigem um grau de interação social. Essa exigência promove a construção de relações e a aprendizagem de valores.
Alguns exemplos clássicos incluem: “passa anel”, “corrida de saco”, “esconde-esconde”, “batata quente” e as famosas cantigas de roda. Mas também podemos incluir outras brincadeiras dirigidas com intencionalidade pedagógica.
Para que servem as brincadeiras coletivas?
No ambiente escolar, as brincadeiras coletivas desempenham um papel que vai muito além do lazer. Elas fazem parte do contexto pedagógico, do desenvolvimento de competências socioemocionais, habilidades motoras e do fortalecimento dos vínculos afetivos entre os estudantes.
Essas brincadeiras também funcionam como espaços seguros para que as crianças expressem sentimentos, testem limites, exercitem a empatia e pratiquem a resolução de conflitos. É brincando com o outro que se aprende a esperar a vez, a negociar regras e a lidar com a frustração.
Por isso, incorporar brincadeiras coletivas ao planejamento não é só uma forma de dinamizar as aulas, mas de favorecer um processo de ensino-aprendizagem mais significativo e humano.
Quais são os benefícios das brincadeiras coletivas?
Os benefícios das brincadeiras coletivas são expressivos. Entre os principais, destacam-se:
- desenvolvimento social: crianças aprendem a conviver com as diferenças, trabalhar em grupo, compartilhar e resolver conflitos;
- aprimoramento da linguagem oral: nas brincadeiras que envolvem narrativas, regras faladas ou cantigas, a linguagem é exercitada de forma natural e prazerosa;
- estímulo à coordenação motora: movimentos como pulos, corridas, danças e equilíbrio ajudam no desenvolvimento físico e psicomotor;
- fortalecimento emocional: as brincadeiras coletivas oferecem um espaço para lidar com emoções, como medo, alegria, frustração e empatia;
- promoção da autoestima: Participar de uma brincadeira em grupo e ser valorizado é essencial para a confiança da criança;
- criação de um ambiente escolar mais afetivo: alunos que brincam juntos tendem a formar laços mais fortes e respeitosos, contribuindo para um clima escolar mais leve e colaborativo.
5 Ideias para brincadeiras coletivas na Educação Infantil
Na Educação Infantil, as brincadeiras coletivas devem ser simples, com regras flexíveis e totalmente interativas. Aqui, o foco é explorar o corpo, o espaço e o outro. Veja algumas sugestões abaixo!
Roda cantada
A roda cantada é uma das formas mais tradicionais de brincadeiras coletivas e traz elementos de cultura, oralidade e movimento. Clássicos como “Ciranda, cirandinha”, “A canoa virou” e “Fui no mercado” envolvem as crianças em um círculo, onde cantam e realizam gestos combinados.
A atividade promove interação, ritmo, memória auditiva, expressão corporal e senso de coletividade. Você pode enriquecer a brincadeira introduzindo variações temáticas conforme o projeto da turma.
Caminho das cores
No pátio ou em uma sala ampla, crie um percurso no chão com faixas ou círculos de cores diferentes (pode ser feito com papel contact, EVA ou fita crepe colorida).
Cada cor representa uma ação (ex: vermelho = pular; azul = bater palmas; verde = girar no próprio eixo). As crianças percorrem o trajeto em grupo, realizando os movimentos conforme a cor.
Essa brincadeira estimula a coordenação motora, a percepção visual, a escuta ativa e o trabalho em equipe, já que todos devem esperar sua vez e incentivar os colegas.
Corre cutia
Uma das brincadeiras coletivas mais queridas e simples. As crianças sentam em roda enquanto uma delas caminha por fora, segurando um lenço ou objeto leve.
Canta-se a música “Corre cutia na casa da tia…” até que o lenço seja discretamente deixado atrás de um colega. Ao perceber, esse colega precisa correr atrás da criança que deixou o lenço antes que ela ocupe o seu lugar.
A brincadeira desenvolve atenção, agilidade, noção de espaço e emoção em grupo, criando um ambiente de suspense divertido.
Caça ao tesouro coletiva
Prepare pistas com desenhos, símbolos ou frases simples, distribuídas por diferentes locais da escola ou da sala.
As crianças, organizadas em pequenos grupos, devem decifrar as pistas e seguir o caminho até encontrar o “tesouro” (que pode ser um livro, uma surpresa coletiva ou um objeto simbólico).
Essa atividade estimula o raciocínio lógico, a orientação espacial, o trabalho em grupo e o espírito investigativo.
Dado gigante da emoção
Utilizando um dado grande feito de papelão ou EVA, desenhe ou cole imagens que representam diferentes emoções: alegria, tristeza, medo, raiva, surpresa e amor, por exemplo.
Ao jogar o dado, a emoção sorteada deve ser representada pelo grupo por meio de gestos, expressões faciais ou pequenas encenações.
Essa brincadeira ajuda as crianças a reconhecerem as emoções, se colocarem no lugar do outro e a desenvolverem a empatia de forma leve e divertida.
5 Ideias para brincadeiras coletivas no Ensino Fundamental I
Com os estudantes do Ensino Fundamental I, é possível propor brincadeiras coletivas com regras mais estruturadas, desafios e maior exploração da cooperação e da estratégia. Conheça algumas abaixo!
Leia também: Filmes para passar em sala de aula: 10 sugestões para o Ensino Fundamental I
Queimada cooperativa
Nessa variação da tradicional queimada, o foco não está na eliminação, mas na colaboração.
Assim, quando uma criança é “queimada”, ela não sai do jogo: passa a ajudar de fora com outra missão, como, por exemplo: recolher bolas, incentivar a equipe ou avisar quando alguém ultrapassa limites.
Isso evita frustrações, e estimula o senso de pertencimento, além de trabalhar regras, agilidade e empatia. O jogo continua até que todos tenham participado em diferentes papéis.
Corrida de jornal
As crianças se dividem em duplas e recebem duas folhas de jornal. A missão é atravessar um trajeto estabelecido, pisando apenas nas folhas.
Um colega posiciona o jornal no chão e o outro pisa; depois, trocam de função rapidamente, até chegarem ao final. Vence quem completar o percurso sem sair das folhas.
A brincadeira exige cooperação, planejamento rápido, equilíbrio e sincronia entre os pares.
Estátua criativa
Ao som de uma música animada, todos dançam livremente. Quando a música para, você anuncia um tema sorteado, como: “animal”, “profissão”, “super-herói” ou “emoção”.
As crianças devem fazer uma pose estática representando o que entenderam. Em seguida, os colegas tentam adivinhar qual foi a escolha de cada um. É uma maneira divertida de exercitar a criatividade, a expressão corporal, a escuta e o respeito pelas ideias do outro.
História encadeada
Essa brincadeira pode ser feita em roda ou em grupo, com um objeto que passa de mão em mão (como um microfone de brinquedo).
Você começa com uma frase, por exemplo: “Era uma vez uma borboleta que queria voar até a lua…”. Cada aluno, ao receber o objeto, continua a narrativa com uma nova frase.
O resultado é sempre uma história surpreendente, cheia de reviravoltas e risadas. A atividade desenvolve criatividade, oralidade, escuta ativa e coesão textual de forma espontânea.
Bingo da amizade
Cada criança recebe uma cartela com características ou curiosidades, por exemplo: “alguém que tem um irmão”, “alguém que sabe nadar”, “alguém que tem um animal de estimação”, “alguém que gosta de matemática”.
O objetivo é circular pela sala, conversando com os colegas e preenchendo os espaços com os nomes correspondentes. Ao final, compartilham o que descobriram.
Esta é uma excelente brincadeira coletiva para o início do ano letivo ou como integração de grupos novos. Isso porque promove comunicação, escuta, acolhimento e reconhecimento das semelhanças e diferenças entre os pares.
Aposte nessas ideias de brincadeiras coletivas!
Promover brincadeiras coletivas na escola garante um espaço onde a aprendizagem vai muito além dos conteúdos formais. Trata-se de cultivar uma educação mais humana, participativa e sensível às necessidades do desenvolvimento integral da criança.
Para nós, professores, as brincadeiras coletivas representam uma ponte entre o lúdico e o pedagógico, entre o indivíduo e o coletivo, entre o conteúdo e o afeto. Incorporá-las ao dia a dia escolar é abrir portas para que nossas crianças cresçam mais saudáveis, autônomas e empáticas.
Que tal começar por uma roda de “adivinhações em grupo” ainda hoje? As brincadeiras coletivas agradecem!
Boa aula e até a próxima!

Formada em Letras, pedagogia e artes visuais. Escreve desde a adolescência e acredita que palavras modificam as pessoas e mudam o mundo.