Interdisciplinaridade: a matemática e sua relação com outras disciplinas

Se tem algo que nós, professores, sabemos bem é que a matemática sozinha pode ser um baita “pesadelo” para os alunos, não é? É aí que entra a interdisciplinaridade: a arte de conectar diferentes áreas do conhecimento para alcançar um mesmo objetivo.

Embora a disciplina isolada não seja nenhum bicho-de-sete-cabeças. O segredo está em como ela é apresentada. E, acredite, algumas estratégias podem transformar totalmente a percepção dos estudantes.

Já tentou trazer a matemática com outras matérias? Pois é, quando isso acontece, aquele estigma de “matéria chata” perde força e a aprendizagem ganha vida. Os alunos se conectam mais, enxergam utilidade nos números e ainda descobrem que a matemática está em tudo ao redor.

Então, vamos entender melhor como isso funciona na prática?

Antes de tudo, o que é interdisciplinaridade?

De forma simples, interdisciplinaridade é quando duas ou mais disciplinas se encontram para explorar um tema ou resolver um problema de forma integrada. Isso significa que, em vez de tratar os conteúdos como “ilhas isoladas”, o professor cria pontes entre eles.

Na prática, isso significa que a matemática pode aparecer em um experimento de ciências, ou em uma linha do tempo de história. Ela também surgirá em uma análise de mapas na geografia e até mesmo nas simetrias e padrões das artes.

Esse tipo de abordagem não só ajuda os alunos a compreenderem melhor os conteúdos, como também mostra que o conhecimento está conectado. O resultado? Mais sentido, mais motivação e mais aprendizagem.

Por que apostar na interdisciplinaridade?

Apostar na interdisciplinaridade é fundamental porque ela derruba a ideia de que aprender é decorar fórmulas ou datas sem propósito. Ao integrar conteúdos, o aluno percebe a utilidade do que está estudando e desenvolve uma visão mais ampla do mundo.

Além disso, quando a matemática faz parte de outras matérias, ela se torna menos “assustadora”. Resolver problemas de tempo em história, medir distâncias em geografia ou calcular proporções em ciências transformam os números em algo palpável, do cotidiano.

Outro ponto é que a interdisciplinaridade estimula habilidades fundamentais, como raciocínio lógico, criatividade, colaboração e resolução de problemas. Isso prepara os estudantes não só para provas, mas também para a vida.

Em outras palavras, apostar nessa prática é mostrar aos alunos que o conhecimento não vem em caixinhas separadas, mas como um grande mosaico que eles podem (e devem) explorar.

Sugestão de projeto interdisciplinar

Conheça, agora, uma sugestão de projeto interdisciplinar para aplicar em sala de aula.

Projeto: “A viagem ao mundo dos números”

O projeto “A viagem ao mundo dos números” é uma forma de integrar a matemática a outras disciplinas, proporcionando uma experiência completa aos alunos.

Objetivo

Conectar a matemática a outras disciplinas por meio de um projeto criativo, colaborativo e interdisciplinar. Neles, os alunos devem montar um mundo fictício que une diversas disciplinas.

Materiais necessários

• materiais escolares do dia a dia;
• cartolina, tintas e pincéis para construções artísticas;
• materiais recicláveis;
• itens para experimentos científicos (balanças, termômetros, etc.).

Etapas do projeto

1. Introdução e Planejamento (duração: 1 aula)

A ideia é iniciar o projeto com uma discussão sobre a importância da matemática. Além disso, é fundamental destacar, por meio de exemplos, as formas de conexão entre ela e as demais disciplinas.

Após essa introdução, explique aos alunos que eles deverão criar um “Mundo dos números”. Esse mundo deve ser composto por cidades fictícias, nas quais cada uma se conecte com a matemática e outras disciplinas, de alguma forma.

2. Desenvolvimento das áreas temáticas (duração: 2-3 aulas dependendo da complexidade e do tempo disponível)

Nesta etapa, os alunos serão divididos em grupos, e cada um deles assumirá uma cidade, ou seja, uma área temática. Essas áreas podem incluir:

• arte e matemática: construções de prédios, pontes e monumentos que envolvem números, cálculos de perímetros, entre outros;
• ciências e matemática: criação de estação de experimentos que usam medições como temperatura, peso e distância;
• história e matemática: desenvolvimento de uma linha do tempo que conta a história da cidade por meio de datas, eventos históricos e cálculos do intervalo de tempo entre eles.

3. Construção do “mundo dos números” (duração: 3-4 aulas)

Esta é a etapa mais importante, pois é o momento de tirar as ideias do papel. É válido reservar de 3 a 4 aulas para as crianças construírem essa cidade e explicarem as conexões entre a matemática e as outras disciplinas.

Vale dizer que o “céu é o limite” na hora dessa criação, isso porque pode ser usado todo o tipo de material, inclusive o reciclável. Além disso, os professores precisam auxiliar as crianças, especialmente as pequenas.

4. Apresentação do projeto (duração: 1-2 aulas)

A penúltima etapa é a apresentação, período em que os alunos vão expor os trabalhos e discorrer sobre eles para pais, professores e outros colegas.

5. Reflexão e discussão (duração: 1 aula)

Por fim, a última etapa consiste na reflexão e discussão do projeto. Nesse momento, os alunos devem compartilhar o que aprenderam durante a execução do trabalho. É importante conduzir a conversa de modo que todos entendam a importância de interligar as disciplinas.

Avaliação

A avaliação do projeto pode ser feita com base nos seguintes critérios:

• criatividade e originalidade;
• capacidade de conectar a matemática com as outras disciplinas de forma que faça sentido;
• participação ativa nas discussões e apresentações;
• colaboração e trabalho em equipe.

Resultados esperados

Espera-se que, neste projeto, os alunos desenvolvam o pensamento crítico e criativo, e se sintam estimulados a trabalhar em grupo e socializar. Além disso, é previsto que a proposta mostre às crianças o quanto a matemática é fundamental para a compreensão do mundo em sua totalidade. E, claro, o quanto pode ser divertida!

• Leia também: Atividades Interdisciplinares com Material Dourado

Sugestões de ferramentas digitais

Para finalizar, selecionei algumas sugestões de ferramentas digitais que podem, inclusive, ser muito úteis para o planejamento do seu projeto interdisciplinar. Veja abaixo:

[Miro] Quadros e mapas mentais

O Miro é uma plataforma que possibilita a construção de quadros com notas, diagramas e mapas mentais. Com ele, é possível planejar atividades e ainda contar com a colaboração em tempo real de outros usuários. Perfeito para o projeto interdisciplinar. Crie o seu espaço aqui

[Trello] Organizador de demandas

Bem semelhante à ferramenta anterior, o Trello é um aplicativo de planejamento diário que ajuda na organização de demandas. O grande diferencial é poder marcar tarefas em andamento e as já realizadas. O melhor é que funciona no computador ou no celular. Crie seu quadro aqui

[Quizlet] Materiais de estudos personalizados

Uma excelente plataforma também para os alunos, o Quizlet permite a criação e estudo por meio de cartões de memorização, questionários, resumos, listas e outros materiais personalizados. Cadastre-se aqui

Invista na interdisciplinaridade e transforme suas aulas!

A matemática não precisa andar sozinha pelos corredores da escola. Pelo contrário: quando se conecta a outras disciplinas, ela ganha cor, sentido e até um pouco de leveza.

A interdisciplinaridade é uma estratégia simples que transforma a aprendizagem em algo mais atrativo, dinâmico e próximo da realidade dos alunos. Então, que tal experimentar essa integração nas suas próximas aulas? Você pode se surpreender com os resultados e os alunos também.

Lembre-se de compartilhar o conteúdo com seus colegas de profissão e elevar o nível das suas aulas ao conectar os saberes!

Boa aula, e até a próxima!